quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O desafio da comunicação nas organizações


O jornalista Caio Túlio Costa, diretor-presidente do Internet Group – que reúne iG, iBest e BrTurbo, fez a primeira intervenção dentro do painel “Cobertura On-Line”. Ele concentra o raciocínio sobre a palavra “revolução” e o quanto está aplicada ao cotidiano com as novas mídias. Como exemplos, cita a manifestação contrária ao governo filipino em 2001, quando as pessoas foram mobilizadas via instant Messenger, email e torpedos para furar o bloqueio da mídia tradicional diante da ditadura vigente, conclamando pessoas a vestirem preto numa determinada avenida da capital, num processo que levou à deposição do então presidente Joseph Estrada. Depois, em 2004, no atentado à estação de metrô em Madri com bombas acionadas via celular, e diante da intensa cobertura da mídia internacional, o presidente José Maria Aznar atribuiu o fato ao grupo separatista ETA. Contudo, foi descoberto que seria atitude da Al Qaeda, desmoralizando o discurso governamental oficial por meio de informações disseminadas em SMS, email e instant Messenger e levando à presidência, nas eleições da semana seguinte, o oposicionista José Luis Zapatero. Costa ainda relembra os ataques da organização criminosa PCC a bases policiais, instituições bancárias e sistema de transporte em São Paulo em 2006, numa reação à ordem de transferência de líderes para presídios do interior. Após o final de semana, um suposto “toque de recolher” foi disseminado pela internet e celular, e a cidade foi esvaziando, mesmo que as autoridades tenham recorrido aos meios de comunicação tradicionais para desmentir. “Alguma coisa mudou”, alerta, dizendo que antes os jornalistas eram os principais atores, e hoje não teríamos mais esta proeminência, porque todos são produtores de conteúdo. Mas a notícia, na opinião dele, está longe de ser virtual, e sendo bem concreta causa impactos fortes e precisa ser vista com extrema responsabilidade. “A convergência, portanto, não está nos aparelhos, mas sim nas pessoas”, acrescenta Caio.

Já o diretor de Conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, partiu do conceito de empreendimento sustentável, como força de posicionamento das organizações, para questionar como a comunicação vem seguindo estes parâmetros. As ferramentas da área deveriam ser permeadas pela crença do interesse e do entendimento público, levando em conta todos os elos sociais que intervêm no cotidiano empresarial, em uma forma dirigida de alcançá-los. “A reputação de uma empresa é seu grande valor intangível, e que, da noite para o dia, interfere em seu valor tangível de mercado”, visualiza, reputação justamente derivada da articulação de relacionamentos com as partes interessadas, internacionalmente denominadas “stakeholders”.

A finalização da primeira discussão foi feita pela diretora da Polipress Cooperativa Digital, Pollyana Ferrari. Para ela, a internet é um ambiente aberto por excelência, e novas invenções surgem todo o dia. Novas ferramentas para enriquecer a experiência dos usuários os tornam interagentes, não só espectadores mas também publicadores e protagonistas. O suporte da geração e transmissão de informação não interessaria mais, mas sim a disposição de entender os movimentos da sociedade e o maior foco de apelos. Com a internet, a linguagem se simplifica e passa-se aos poucos a existir menos barreiras entre as pessoas, menos privacidade e mais intimidade. a palestrante chega ao Consumer-Generated Media/CGM, com a mídia gerada pelo consumidor e transmitida por canais participativos, como fonte-base ou como comentários de conteúdos. Como Pollyana aponta, é um cenário de imenso CRM, um grande banco de dados público e online com as experiências e opiniões pessoais, que podem ser bem trabalhadas pela comunicação organizacional. O monitoramento das redes sociais é um trabalho urgente e ela sugere um processo humano e manual de visitação e anotações que levem a formatar as impressões virtuais e os planos de contingenciamento, com ações e reações dinâmicas. “Não adianta fazer campanha de marketing sem lastro real, porque até anúncios de supostas áreas de reflorestamento são checadas pelos cidadãos através do Google Earth”, alerta.

* Texto parcial e especial para o Oras Blog!, com cobertura do RP Rodrigo Cogo – Conrerp SP/PR 3674 - Gerenciador do portal Mundo das Relações Públicas

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