*Rodrigo Cogo
A comunicação direta vem conquistando espaço no planejamento estratégico da comunicação para funcionários das corporações. Foi esta a principal lição da parte da tarde do dia 17 de junho de 2008, nas palestras integrantes do 12. Congresso Anual de Comunicação Interna organizado pela IBC - International Business Communications , em São Paulo/SP.
Os quase 13 mil funcionários distribuídos em 11 países dão uma dimensão da complexidade do trabalho da gerente de Comunicação da Novelis, Eunice Lima. Com operações envolvendo mineração, energia elétrica, químicos, alumínio, laminação e reciclagem, a diversidade de perfis na equipe traz um imenso desafio. Ela relata que a comunicação interna no grupo busca contribuir para o realinhamento da cultura e para a estratégia de integração do negócio, desenvolvendo profissionalmente os colaboradores e melhorando a qualidade do clima de trabalho. Tudo em meio a um cenário que, em 2007, trazia o fortalecimento dos canais de informação sindicais junto aos funcionários de sua empresa e a expectativa e a ansiedade da equipe quanto a recentes mudanças organizacionais (aquisição por um grupo indiano).
Foi então que ela resolveu definir dois modelos distintos para verticalização da comunicação interna, com sentidos descendente e ascendente assegurados e estimulados. No caso do fluxo dos funcionários para as lideranças, foi realizado através do projeto Ciclo do Diálogo – um fórum livre e periódico de debates “face-a-face” com assuntos de interesse coletivo, como registro de dúvidas, insatisfações e sugestões internas. As características principais do canal instaurado são o caráter participativo, colaborativo, auto-representativo e bilateral, tudo registrado em ata e em quadros de avisos com fixação de prazo (45 dias) para respostas porventura não prestadas imediatamente. Estas respostas, se fossem negativas, demandariam também uma ação de explicação e convencimento com geração de uma alternativa.
O Ciclo do Diálogo foi divulgado por banners, revista interna, convites eletrônicos e folder explicativo. Foram mais de 200 fóruns, com levantamento de mais de duas mil questões no primeiro ano, gerando resultados positivos na pesquisa de clima organizacional aplicada em abril de 2008 (53% dos funcionários admitem que a empresa possui uma comunicação aberta e de duas vias). O maior foco dos questionamentos residiu em políticas de RH, tidas como não claras, e em condições gerais de trabalho. “É uma ação importante porque a companhia precisa posicionar-se claramente em todos os pontos levantados. A comunicação direta é nosso principal veículo de comunicação. Preferimos a interlocução do líder com sua equipe, que dá mais credibilidade e permite interação direta e imediata”, acrescenta Eunice. Tanto a possibilidade de venda de uma unidade da empresa como o fechamento efetivo de parte de uma planta, com demissão de 400 pessoas, foram situações recentes de crise tratadas com diálogo e total transparência, únicos recursos creditados pela executiva como salutares para o trato com adversidades.
ANTECEDÊNCIA – Entre os objetivos de comunicação interna do Mc Donald’s estão comunicar com antecedência (equipe informada e capaz de executar orientações) e com clareza (linguagem simples e adequada para cada público) e organizar a informação centralizando o envio (mensagens no tempo certo, com relevância e sem redundância). Na melhor consecução deste caminho, porém, a gerente de Comunicação Interna para a América Latina, Renata Raniro, aponta a insurgência de várias barreiras, como a grande quantidade de informação a ser comunicada aos mais de 500 restaurantes e vários departamentos corporativos demandantes, afora a extensão do público interno e sua diversidade – 34 mil funcionários e outros 280 integrantes da matriz.
As ferramentas aplicadas mudam bastante. Em geral, os VP’s, diretores e consultores são atingidos por email e por cartas pessoais, já os franqueados recebem o boletim eletrônico McValor e para os funcionários corporativos são os pop-ups (automáticos nos computadores) e os emails. Para os gerentes de restaurante, são usados os books de lançamento com novidades de cardápio ou promoções, folhetos de perguntas e respostas sobre processos internos, características dos produtos e dos brindes e promoções, comunicados (organizados em fichários chamados ‘Malotes de Gerentes’) e a campanha “Onde está a Palavra?”, ligada à tentativa de quebrar a resistência à leitura e à aprendizagem de novos termos. Por sua vez, os funcionários de restaurantes são envolvidos pelo projeto “Na Ponta da Língua”, que são livretos com temáticas diversas ligadas ao cotidiano ou a temas internos para o atendente saber conversar com os clientes, o projeto “É gente, Mc Donald’s”, uma rede social interna que desperta talentos artísticos e intercâmbios, afora painéis na sala da equipe.
MUDANÇA – A partir do desmembramento da joint-venture com a Schering-Plough no final de 2006 e do surgimento da Mantecorp como empresa nacional com portfólio de produtos medicamentosos e cosméticos, o primeiro passo da comunicação interna foi divulgar as atribuições do departamento de RH (projetos de qualidade, clima, motivação e sustentabilidade), onde está localizada, para os mais de 1500 funcionários. Entre as ferramentas instauradas, segundo relato da coordenadora Márcia Evangelho, esteve o sistema Fala Você com 0800, email e caixas de sugestão numa espécie de ouvidoria interna, a modernização dos quadros-de-aviso, uma revista e ainda cartões-postais temáticos. Foram criados o programa de reconhecimento Nossa Gente, o programa de Cargos e Salários Intercarreiras e o programa Qualidade de Vida Interatividade, afora a organização de uma convenção nacional de 500 profissionais da força de vendas, onde todas as ações eram apresentadas em quiosques específicos.
Depois, a preocupação era o entendimento da equipe sobre a nova marca. Neste período, para esclarecer sobre o processo de mudança e criar identificação dos colaboradores com a nova empresa, foi refeito o lay-out da revista interna “Entre a Gente”, lançado o programa “Você Sabia” com cartazes trazendo resposta às principais dúvidas sobre a divisão das empresas, o projeto Camarote com sorteio de 160 pares de ingresso para eventos culturais em todo o Brasil (85% dos funcionários estiveram em alguma ação com seus familiares), divulgados numa agenda online dividida por estado e cidade, e ainda o programa Bio Mantecorp sobre consumo consciente e responsabilidade ambiental, ressaltando atitudes engajadas da organização por meio de módulos (água, reciclagem, aquecimento global e desenvolvimento sustentável), de atividades práticas de preservação (coleta de óleo de cozinha, plantação de árvores, substituição de copos de plástico por material durável), da campanha ISO 14001 divulgada num passaporte ambiental. Márcia relata ainda o esforço empreendido para despertar o orgulho das pessoas em fazer parte da equipe, com comunicação ativa de premiações conquistadas, da aquisição de outras empresas ou marcas e também da antecipação de peças de mídia externa.
A atual fase da organização contempla a consolidação da marca, enfocando o conhecimento dos portfólios: de pessoas, de produtos, de cuidados com a saúde, de benefícios e de reconhecimentos obtidos. São lançados produtos em primeira mão para os colaboradores, com mídias exclusivas como encosto de cadeira e papel de bandeja nos refeitórios, sinalização promocional das unidades e adesivos em porta-papel higiênico e nos higienizadores bucais nos banheiros e entrega de brindes e amostras. Está em andamento um processo de intercâmbio de visitação cruzada de colaboradores em seus setores para uma visão mais ampla do negócio.
* Texto especial para o Oras Blog!, com cobertura do RP Rodrigo Cogo – Conrerp SP/PR 3674
Gerenciador do portal Mundo das Relações Públicas
Nenhum comentário:
Postar um comentário