* Rodrigo Cogo
A julgar pela atenção dedicada pelos organizadores, palestrantes e platéia do Web Expo Fórum, os blogs corporativos e a linguagem audiovisual estão em alta na rede. Várias palestras focaram estes temas e garantiram repercussão. O evento foi realizado no Centro de Convenções do Shopping Frei Caneca em São Paulo/SP entre os dias 17 e 19 de março de 2009.
A internet altera completamente a forma de planejar a comunicação. Além do mais, as fronteiras das organizações estão em redefinição a partir de princípios de ação colaborativa nunca vistos antes. O usuário vem assumindo um papel fundamental com o poder de escolha sobre o que ver e com poder de interferir no cotidiano. Vai-se da primazia do discurso concentrado nos veículos de mídia para o empoderamento do usuário com o Consumer-Generated Content. Esta é a opinião da relações públicas Carolina Terra, diretora da área de mídias sociais da agência Ideal, que usa manchete da Revista Exame - “a empresa está nua”, para falar da era do “Eumídia”, que significa não só produção de conteúdo mas também influência cruzada com outras pessoas, diminuindo a força dos então “formadores de opinião” instituídos. Agora, canais de usuários sistematizam a conversação e a opinião, positiva ou negativa, sobre as marcas, o que exige monitoramento e intervenção. Mais ainda, as mídias sociais tendem a ganhar repercussão das mídias de massa. “Há uma expansão das fronteiras de relacionamentos”, manifesta, não ficando mais restrito aos limites de interações físicas.
Uma das ferramentas mais indicadas para que o buzz aconteça é o blog corporativo, que reforça e consolida uma marca por buscar ser referência de um tema ou de um enfoque. Assim, gera uma comunicação bidirecional, com o espaço de comentários públicos como estímulo às conversações. Entre os motivos para que o blog tenha tamanha aceitação, ela cita a existência de ferramentas e templates prontos para dar origem ao conteúdo e com endereço e sediamento gratuitos, sem maiores exigências técnicas. Além disto, é um veículo opinativo, instiga participação e gera com isto comunidades por afinidade de interesses. Carolina explica que há vários tipos de blogs, como os externos de comunicação de marketing, de inteligência competitiva, de relações públicas, de gestão de relacionamento com o cliente, de suporte ao cliente, entre outros, e os internos de gestão do conhecimento, comunicação interna e gestão de projetos. Tudo depende dos objetivos e usos, como para influenciar internautas, reduzir custos de atendimento ao usuário, construir marca e reputação, participar das conversas online, posicionar-se nos sites de busca pela referenciação, gerar tráfego para sites tradicionais, ser fonte de idéias de inovação e ser canal de pesquisas.
A RP enumera como pontos positivos da adoção de um canal do gênero a posição de vanguarda que se incorpora à organização, a aproximação com audiências e a formação de novos públicos, tendo como desvantagens previstas a possibilidade de conteúdos ofensivos, a dificuldade de obter lucratividade e a ausência de controle de conteúdos e estilos de interação, ainda que se tenha filtros e seleções com diretrizes de uso e mediação oficial para não perder o foco do canal. A movimentação em torno do blog não prescinde de divulgação, daí que ela sugere fazer campanhas de links patrocinados, garantir a busca natural, incentivar conteúdo viral, usar rede de links, dinamizar os comentários e fazer até mesmo anúncios publicitários, on e offline. Claro que esta etapa não acontece sem antes perceber o blog como ferramenta de comunicação, e por isto os passos envolvem definição de objetivos, treinamento de porta-vozes (blogtraining), estímulo à comunicação circular, organização como repositório de conhecimento e estímulo à auto-gestão.
VÍDEOS – Para Alexandre Campos, Consulting Manager da IDC Brasil, o mercado de vídeos na rede deve aumentar 50% anualmente até 2012, chegando a obter investimentos de US$ 3,8 bilhões. Esta é, na opinião do especialista, uma comprovação do interesse do internauta por conteúdo multimídia. Quem atua na web precisa ter como sentenças básicas a importância de falar a linguagem que o seu público prefere, a importância da atingir a comunidade de influenciadores e a consciência de atuação sobre personalização, colaboração, inovação e mobilidade. A mobilidade, aliás, é um fator preponderante para o relacionamento oragnizacional hoje, até porque mais da metade da população mundial tem aparelhos celulares, muitos deles bastante equipados e com potencial de veicular imagens com movimento e som.
O jornalista Rubens Meyer, diretor da divisão de Comunicação Digital da S2, cita dados da ComScore de janeiro de 2009, apontando que nos Estados Unidos houve 14,8 bilhões de vídeos assistidos pela internet por mais de 147 milhões de usuários únicos, o que significa que 76,8% dos norte-americanos assistem vídeos na rede, empregando 356 minutos/mês. No Brasil, o panorama não é muito diferente: 13 milhões de usuários brasileiros visitam o YouTube (audiência 130 vezes maior que a série de TV paga mais assistida) e 8,3 milhões visitam o Globo Vídeo, com 35 minutos por mês de uso, segundo dados da ComScore de julho de 2008. Ele relembra que nos primórdios do vídeo na internet discada registrou-se a popularidade do “Real Audio”, com downloads demorados e qualidade baixa pela exigência de alta compressão. Hoje, tem o streaming vídeo – transmissão de áudio e vídeo pela rede IP sem necessidade de download, com visualização iniciada quase imediatamente pela armazenagem progressiva num buffer que depois se apaga. Um streaming satisfatório tem como pré-requisito a compressão equilibrada com qualidade e a largura da banda, além da capacidade de processamento do equipamento que roda o conteúdo. Entre os diversos usos corporativos, ele comenta que é maior a freqüência de transmissão de eventos e a realização de coletivas de imprensa, afora todas as possibilidades de comunicação publicitária. Meyer assinala que 62% dos internautas preferem conteúdo produzido por profissionais e 19% preferem amadores. “Devemos levar em conta o alcance da força da mensagem multimídia, há uma cultura nacional que valoriza a imagem”, arremata.
Kika Oncken, gerente de Vendas do Google, entende o vídeo como alternativa de diversão e de engajamento do público na produção de conteúdos e ainda como fonte informativa com potencial de viralização. O consumidor digital é multitarefa, gosta de conveniência para exercer sua liberdade e quer dividir com sua rede de contatos. Tanto que o ranking do YouTube é estabelecido por visualizações, pela escala de estrelas e favoritos registrados pelos visualizadores e pelas palavras-chave cadastradas. Para ela, o sucesso do YouTube se deve à combinação do potencial do vídeo com o poder do conceito de comunidade, tornando-o o quarto maior site do mundo e o segundo buscador mundial de conteúdos, só atrás do Google. E a renovação é constante, porque são colocadas 15 horas de vídeo por minuto. No Brasil, são 30 mil novos cadastrados e 35 mil novos vídeos por dia, com 94,2% dos internautas brasileiros vendo este tipo de material, e destes 49% vêem diariamente, levando o país ao topo do ranking mundial. O tempo gasto com vídeos tem crescido na faixa de 35% ao ano.
* Texto do RP Rodrigo Cogo – Conrerp SP/PR 3674 - Gerenciador do portal Mundo das Relações Públicas
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