segunda-feira, 12 de maio de 2008

O domínio das redes sociais

* Rodrigo Cogo

O crescimento do acesso à internet via banda larga e a progressiva inclusão digital no Brasil têm sido as bases para a projeção de crescimento explosivo de usuários, entre outros fatores. Um bom pedaço deste mundo já é ocupado pelas redes sociais, sites de relacionamento e compartilhamento de experiências e preferências: são nada menos que 500 milhões de registrados neste tipo de plataforma, 25 milhões deles em território nacional. Algumas novidades vão potencializar ainda mais estes canais. Foi o que apresentou o Summit Social Networks Brazil, organizado pela consultoria Mentez e empresas coligadas no dia 8 de maio de 2008 no Hotel Sonesta Ibirapuera em São Paulo/SP.
As pessoas com perfis cadastrados por aqui têm características bem identificadas na média: 60% estão entre 16 e 24 anos, 55% são mulheres, 70% têm renda acima de US$ 1800, fazem um gasto aproximado de US$ 310 por ano em e-commerce e agrupam cerca de 189 amigos cada uma. Juan Franco, CEO da Mentez, exemplifica a partir do porte da platéia do encontro: só ali entre os 200 presentes haveria conexão a 28.728 pessoas, com projeção de compra de US$ 8,9 milhões em 2008. Se pensar na projeção mundial para 2012 de 1 bilhão de registrados, pode-se imaginar o tamanho do mercado. Só no Brasil, vindo de cerca de 10 milhões de usuários únicos, há previsão de gasto de R$ 17,4 bilhões.
Este panorama explica porque os desenvolvedores estão se voltando para oferecer aplicativos para redes sociais (os “apps”), melhorando e incrementando as interfaces e serviços, baseados em códigos abertos. Como o topo da preferência brasileira nas navegações pela rede está nos games e nos sites de entretenimento com músicas e vídeos, é daí que saem as primeiras invenções. Mas há muitas funcionalidades sendo criadas, porque se o país é o sétimo mercado mundial da propaganda tradicional com US$ 1,6 bilhões investidos, a propaganda on-line não está atrás com seus atuais US$ 300 milhões. “São mecanismos que auxiliam e motivam interações freqüentes”, justifica Franco. Sua empresa criou para a Palm o aplicativo “Meu Calendário” pra ser acrescido nos perfis de MySpace, Orkut e outros, tendo originado 100 mil usuários em oito semanas, com 213 mil anotações realizadas, sempre expondo a marca do patrocinador. A intenção é, em até 60 dias, oferecer cerca de 200 aplicativos, a partir de 254 desenvolvedores brasileiros já associados.
O NOVO RG – O ponto central das redes sociais é o perfil, e a ele então é que vão ser agregadas várias ferramentas, como grupos de discussão, compartilhamento de vídeos e músicas, mensagens instantâneas, blogs. Isto já vem acontecendo progressivamente. A alteração agora vem de outro tipo de funcionalidade, sobremaneira incentivada pela OpenSocial Foundation, criada em associação do MySpace, Orkut e Yahoo, como maiores mantenedores, e outras organizações. Uma das negociações já em curso é permitir trânsito em diferentes ambientes com um único login. “As redes sociais vão cada vez mais ser o RG da internet”, prevê Emerson Calegaretti, gerente do MySpace Brasil. Aliás, esta rede ocupa a primeira posição mundial em registrados, com 300 milhões de pessoas, sendo 11 milhões de bandas e artistas, nicho que acabou o caracterizando. No país, são 1,5 milhão de usuários com 70 mil artistas.
O painel de controle da rede social vem sendo o agregador das ferramentas na forma de janelas (widgets ou gadgets), podendo selecionar partes públicas e privadas de visualização. Além disto, há um espaço que assinala todas as atualizações dos canais, do usuário e de seus amigos. No endereço do Myspace , há cerca de mil aplicativos disponíveis oferecidos gratuitamente por sete mil desenvolvedores mundiais, como o contador de dias de gravidez disparando emails em períodos importantes, o tocador de música que vai alterando sozinho os ritmos de acordo com o horário do dia e a TV de trailers dos futuros filmes. Para Patrick Chanezon, do Google, os aplicativos criados para incrementar as redes sociais são uma saída para a necessidade de criação constante e compartilhamento da internet atual. Do contrário, outras redes iriam ser iniciadas todo dia, o que ocasionaria uma confusão. Os grandes players então, de maneira associada, ficam abertos às agregações. Aliás, o open social parte do princípio que o desenvolvimento de códigos seja compatível e partilhado entre todos os sites do gênero, incluindo LinkedIn, Hi5, Plaxo e outros. Todavia, ele não deixa de questionar o formato das redes, no sentido de requisitação de email e senha para mostrar conteúdos, porque isto estaria emperrando um crescimento ainda mais significativo.
Chanezon tenta identificar alguns caminhos trilhados pelos anunciantes neste novo mundo. Há conteúdo integrado em aplicativos (como greetings cards, presentes virtuais, quiz), o patrocínio de aplicações que tenham relação com a marca, o desenvolvimento de aplicações próprias e anúncios rich-media. Os pontos de partida fundamentais são a simplicidade de operação e o foco na audiência. Tudo para aproveitar a média de 19 minutos gastos em cada acesso, indicador bastante alto e promissor dentro da dispersão da rede e da competição de mídias fora dela.

* Texto especial para o Oras Blog!, com cobertura do RP Rodrigo Cogo – Conrerp SP/PR 3674
Gerenciador do portal Mundo das Relações Públicas

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