sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Liberdade e profissão: convergência ou separação?

*Natalia Guerra

Descobri, após ler a revista EXAME – edição de 08 de setembro, que a moda agora é o programa de incentivos de longo prazo! Sim, um investimento oferecido pelas organizações em troca de tempo e conhecimento do profissional.

Basicamente funciona assim: a empresa busca o talento que deseja reter (fora ou dentro de sua organização) e oferece o chamado bônus. Ele é constituído por salários extras, que variam de 14 a 30 dependendo da organização e do cargo do profissional, ou participação nas ações da companhia, se esta apresentar capital aberto, ou seja, tiver suas ações na bolsa.

Proposta tentadora, não? Bom, mas não é tão simples assim. Ao oferecer esses benefícios para o profissional a organização também coloca sobre ele, digamos, algumas toneladas. A pressão no trabalho é constante, foco em cumprimento de metas (de curto prazo), elaboração de relatórios, viagens e mais viagens e, claro, consequentemente, falta de tempo para a vida pessoal.

Após ler toda a matéria da revista (22 páginas), que focou bastante no valor oferecido aos profissionais e nessa tendência que as organizações terão que aderir para segurar seus melhores colaboradores, me questionei sobre quanto vale nossa liberdade profissional.

Partindo do princípio que as ofertas tentadoras oferecidas por algumas companhias também exigem que os funcionários fiquem um tempo mínimo na organização, a resposta óbvia para essa pergunta seria: liberdade, que liberdade?

Acredito que um profissional essencial para uma companhia mereça todo o bônus oferecido, já que trabalha tanto. Também acredito que ele entenda o que significa para a empresa e abra mão, muitas vezes, de ter uma vida mais normal. Mas esse esforço todo vale realmente a pena? Mesmo ganhando tantos benefícios será possível ter tempo para aproveitá-los? O que se ganha supera o que se perde?

De acordo com o livro “Womenomics”, de Claire Shipman e Katty Kay, a tendência econômica por trás do sucesso pessoal e profissional das mulheres apresenta como base a liberdade profissional. Ter um horário de trabalho flexível, tempo para a vida pessoal e consequentemente melhor qualidade de vida são requisitos essenciais para as profissionais de hoje.

Visões um tanto quanto contraditórias, não?

Percebe-se que entre teoria e prática ainda existe uma longa distância a ser percorrida. Podemos querer ter mais tempo livre, buscar uma rotina saudável, mas o que nos é oferecido não condiz com o idealizado. Diante desse cenário penso que devemos saber exatamente o que buscamos em nossa vida profissional e os caminhos que devemos percorrer para realizá-la, afinal, a escolha é sempre nossa.


*Natalia Guerra é Pós-Graduanda em Marketing pela Universidade Metodista de São Paulo. Em 2008, formou-se em Relações Públicas pela mesma Universidade. Já trabalhou na área de pesquisa e extensão voltadas ao desenvolvimento do ABCDMRR Paulista. Atualmente trabalha com Propaganda e Marca.

4 comentários:

Unknown disse...

fato! estou passando exatamente por isso, acumulo de funções e beneficios?! que benefícios, infelizmente a sede de conquistar uma boa posição no trabalho permite que pessoas como "meu chefe" utilizem de nossos sonhos e vontades pra conquistar um belo carro e muitos outros bens pra eles,e nisso as nossas conquistas que esperem

Anônimo disse...

ë bem isto mesmo, mas cabe a nós "mortais" fazer frente à estas propostas, mas, como somos diferentes, capaz dela pegar eim.....

Anônimo disse...

Também acho que a teoria está bem longe da prática mas que ao passar do tempo, algumas coisas deixam de ser vantagens e viram desvagens...
O valor é tentador como sempre... mas e a vida pessoal onde fica? A londo prazo cansamos... somos humanos e gostamos de ficar com a família amigos.. etc... concordo com a Natália devemos pensar, pesar na balança e ver o que é imprescendível para nossas vidas.

Marcia Ceschini disse...

Pessoal,

obrigada pelos comentários. E a saída em tudo, principalmente na carreira é buscar o equilíbrio. Nossa vida tem que ser mais que nossa profissão.
Fazer o que gosta é muito bom...mas passar tempo com quem amamos é mais importante.