quinta-feira, 14 de maio de 2009

Segmento de eventos e viagens corporativas pode superar o cenário da crise

* Marcelo Toledo

Repensar papéis e responsabilidades foi a ordem do dia no Seminário organizado pelo Comitê de Turismo da Britcham, em São Paulo/SP, no dia 24 de abril de 2009. O evento reuniu profissionais dos setores de hotelaria e viagens corporativas pra discutir os desafios e oportunidades na área de eventos e viagens corporativas em cenários instáveis. Foi conduzido pela coordenadora do Comitê de Turismo da Britcham, Carolina Negri, e contou com a presença de aproximadamente 40 executivos. Durante uma manhã, as palestras abordaram desde aspectos do marketing e da estratégia para combater a crise até questões técnicas do segmento de agências de turismo e de viagens corporativas, incluindo uma bela apresentação do trabalho de relações públicas promovido pela UBRAFE para divulgar as feiras brasileiras no exterior.

Em um momento de instabilidade, quando ainda não é possível determinar o alcance e a duração de uma crise financeira como a atual, não se pode ficar de mãos cruzadas esperando que as coisas melhores por si próprias. Em sua palestra, o vice-presidente de desenvolvimento setorial da Associação de Marketing Promocional/Ampro, Jorginho Medauar, deu uma injeção de ânimo na platéia, convocando a todos para “pensar fora da caixa”. A crise pode ser uma oportunidade para aqueles que sabem aproveitá-la, explicou Jorginho, valendo-se de um velho ditado: “Enquanto uns choram, eu vendo lenços”. Além de repensar as atividades e responsabilidades de cada um com o intuito de encontrar alternativas para encantar o cliente, Jorginho também recomenda uma auto-análise para que cada um perceba o “impacto do seu serviço, do seu produto, na vida das pessoas. Não basta gostar do que se faz, é preciso acreditar no que se faz.”

Ao abordar esta mesma temática do “thinking outside the box”, a diretora executiva do capítulo brasileiro da Meeting Professionals International/MPI , Beth Wada, deu um exemplo claro do que é preciso fazer, a partir de sua longa experiência na rede hoteleira. “Contrato padrão é coisa do passado. Você não pode mandar para um cliente que vai organizar um evento-relâmpago em seu hotel na próxima semana aquele contrato padrão com cláusula de cancelamento de 30 dias de antecedência.” Beth recomenda que todos, neste momento, desliguem seus comandos automáticos para entender o cliente e para oferecer um efetivo atendimento personalizado, que não fique apenas nas palavras.

Na opinião da diretora executiva do capitulo brasileiro da MPI, a palavra-chave do momento é comunicação. Não se pode mais admitir que um hotel coloque um estagiário ainda não totalmente treinado para atender ao telefone do setor de eventos. “É preciso ter a noção de que o cliente que liga para o hotel e pede a área de eventos já superou uma série de obstáculos e está relativamente bem-informado, necessitando de dados precisos e objetivos para tomar sua decisão.”

Beth apresentou também o esforço da entidade que representa, no sentido de conscientizar a sociedade norte-americana sobre a importância do setor de eventos. Carta aberta enviada ao presidente Barack Obama e um site bem estruturado são peças importantes para mostrar à sociedade que eventos não são o problema. São parte da solução. Há ainda uma ampla pesquisa do segmento que já é realizada há nove anos em parceria com a American Express, e cujos resultados estão disponíveis na internet no link.

Para falar sobre o segmento de viagens corporativas, a Britcham convidou o presidente do Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais/Favecc , Francisco Leme, e a vice-presidente da Associação Brasileira de Gestores de Viagens Corporativas/ABGEV (www.abgev.org.br ), Patrícia Thomas. Ambos possuem amplo envolvimento corporativo, com atuação em outras instituições do setor. A percepção de ambos sobre o momento atual é semelhante: é preciso investir no aperfeiçoamento dos profissionais, a fim de que as empresas possam oferecer ao cliente melhores produtos e serviços, fazendo com que os agentes de viagens passem a ser consultores, e não apenas emissores de bilhetes.

Francisco Leme iniciou sua palestra com um dado bastante significativo: o crescimento das viagens corporativas provoca um efeito multiplicador na economia brasileira, cujo resultado foi estimado em R$ 33 bi em 2008. Leme ainda apresentou outras estatísticas reunidas pelo Indicador Econômico das Viagens Corporativas/IEVC, um estudo conduzido pelo professor Hildemar Brasil, da USP. A ideia de investir no profissional do setor de viagens para que ele atue como um consultor também é defendida por Patrícia Thomas. Ela enfatiza que “o cliente corporativo é mais exigente, está mais antenado e tem menos tempo do que o cliente que viaja por conta própria. Por esse motivo, é um cliente mais objetivo e que precisa de um consultor que lhe apresente as melhores alternativas, a melhor relação custo-benefício”.

* texto do jornalista Marcelo Toledo - Mtb 31.831 - Especial para o portal Mundo das Relações Públicas

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