terça-feira, 19 de maio de 2009

Diálogos ABERJE Universidade discute comunicação estratégica

A universidade não sobrevive sem as experiências da prática, mas também pode trazer conhecimentos para a iluminar outros caminhos. Esta concepção ficou mais uma vez comprovada pela segunda edição do projeto Diálogos ABERJE Universidade, expressada pela opinião das professoras Ivone de Lourdes Oliveira e Maria Aparecida de Paula, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, no lançamento do livro “O que é comunicação estratégica nas organizações”, editado pela Paulus na coleção “Questões Fundamentais da Comunicação”. A atividade aconteceu no dia 30 de abril de 2009 na sede da entidade em São Paulo/SP.

Embora o tema comunicação estratégica seja tônica nas discussões e estudos sobre comunicação organizacional, os aspectos teórico-conceituais a respeito são ainda restritos. Basicamente, o assunto tem objetivo de distinguir funções gerenciais e táticas da comunicação, além de identificar e analisar mudanças que operam de um patamar instrumental para outro, de base estratégica. Para superar a lacuna, Ivone desenvolveu uma tese e recebeu a análise crítica e a conexão com o mercado de Maria Aparecida, por conta de seus mais de 20 anos de consultora empresarial. No capítulo 1, são analisadas as transformações da sociedade e seus impactos nas organizações, nas relações de produção e de trabalho, na conduta e na gestão dos negócios, e ainda no redimensionamento da forma de conceber e gerir os processos comunicacionais. O Capítulo 2 apresenta o modelo de interação comunicacional dialógica na relação com os atores sociais. A construção teórica do modelo e a reflexão sobre a dimensão estratégica da comunicação fez identificar cinco componentes dessa dimensão, expostos no Capítulo 3. Por fim, o Capítulo 4 faz a conexão com a prática, dentro das pesquisas bibliográfica e empírica realizadas por Ivone, através do processo de comunicação interna da Alcan Alumínio do Brasil e da Samarco Mineração. “A instrumentalização da comunicação não dá conta da complexidade das organizações e da sociedade”, manifesta ela, acrescentando que o modelo linear e informacional clássico não é adequado para as novas demandas, que ultrapassam os processos de emissão-recepção. “A organização não tem mais o poder da centralidade da enunciação”, reiteira Ivone, ao que Maria Aparecida ilustra com exemplos de grandes obras públicas de infra-estrutura que são diretamente moldadas pela intervenção das comunidades.

O livro tem entre seus méritos o questionamento sobre várias concepções teóricas, como “público-alvo” e “entorno”, no instante em que se entende a corporação como mais um entre vários agentes sociais, assim como a idéia de “consenso” suplantada pela noção de entendimento entre as diferenças. Ivone acredita que a organização ainda é uma grande iniciadora de processos comunicacionais, “mas a significação está no outro, e suas reações não são previstas”. “Estratégia” seria outra terminologia descolada e sem fundamentação teórica, motivo que levou ao estudo, tentando apresentar o tema como um processo cotidiano. Seria a comunicação inserida na cadeia de decisão, numa globalidade, em que o planejamento precisaria de uma concepção mais avançada e flexível.

Ivone de Lourdes Oliveira é graduada em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, tendo mestrado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo e doutorado em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente é professora adjunta da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, lecionando no mestrado de comunicação "Interações Midiáticas" e na graduação. É diretora da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas. Na área editorial, organizou o livro "Interfaces e tendências da comunicação no contexto das organizações" pela Difusão. Já Maria Aparecida de Paula é graduada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais, com aperfeiçoamento em Planejamento de Comunicação e em Pesquisa de Comunicação, ambos pelo Centro Internacional de Estudos Superiores da Comunicação/CIESPAL. Atualmente é professora assistente da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais na Faculdade de Comunicação e Artes, e nos cursos de especialização lato sensu "Gestão de Comunicação Empresarial" da PUC Minas Virtual e "Gestão Estratégica da Comunicação" do Instituto de Educação Continuada (IEC PUC Minas).

O diretor geral da ABERJE, Paulo Nassar ­ que também é professor-doutor na graduação e pós-graduação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo/ECA-USP, reforçou o espírito de ação conjugada entre mercado e academia. Ele aproveitou para divulgar o andamento do Prêmio ABERJE Universitário, cuja governança é dirigida pela Agência ECA Jr. Houve 71 equipes inscritas nesta primeira edição, somando 284 pessoas de vários locais do país e diversos níveis e áreas de estudo. Em breve, haverá defesas públicas das propostas de resolução de um case. A entidade atualmente reúne as Associações Brasileiras de Comunicação Empresarial, Branding e Comunicação Organizacional, e há 41 anos trabalha pela integração entre a pesquisa e a teoria da Comunicação Organizacional, mostrando sua transversalidade com diversos projetos em andamento de articulação e desenvolvimento do setor. Integra 95 mil profissionais no país, com um trabalho desenvolvido por 10 Capítulos. Na ocasião, Nassar ainda anunciou a estruturação de uma obra que vai reunir as reflexões do projeto Diálogos até o final do ano. Estiveram presentes profissionais, estudantes e também professores de várias instituições, como Universidade Federal da Bahia, Universidade Estadual de Londrina/PR, Universidade Federal do Maranhão e Escola Superior de Relações Públicas de Pernambuco.

* Texto do RP Rodrigo Cogo ­ Conrerp SP/PR 3674 - Gerenciador do portal Mundo das Relações Públicas

Um comentário:

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